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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sail

Velejar é entregar-se ao mar. Não é fugir, nem esconder. É apenas combinar dois elementos naturais a um terceiro: o vento e a água ao homem. Sim, porque o homem é natural. Tanto o ar quanto a água fazem parte de seu organismo biológico e ambos tem sido esquecidos pelo homem. Velejar é relembrar-se de si mesmo em suas origens. É respirar a água e embeber-se de brisa. Sentir o sol queimando a pele no Equador, ou o gelo rachar a pele no Norte. Tudo a seu tempo. Tudo pausadamente, como cada inspiração e expiração. Os olhos cravados em um imenso universo de possibilidades. O rumo não compete ao viajante, mas ao sopro celeste que direciona as velas em direção ao desconhecido. Tolo aquele que acredita nas sabidas descrições geográficas e cartográficas. Saber é vivenciar. Aquele mar representa mais que uma direção calculável. Representa o incalculável. A força vital de todo viajante. Ao velejar, em toda a vagarosidade que o veículo permite, tocamos, com a suavidade de um carinho, com a serenidade de um sussuro, o mundo. O mundo que nos permite existir em toda sua exponecialidade. Até mesmo em nosso interior, que também reflete o mar; mais, se une às águas; nossos fluídos mesclam-se com os da Mãe do Vento e com os da Mãe do Mar. Somos nós mesmos, sem pudores ou julgamentos. Minha face está defronte ao mundo. Meu olhar, dentro do seu. Eis que não sou mais eu; nossa face, nosso olhar, nossa mar. Viajante, deixe-me velejar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Flow

Um viajante é sempre aquele que busca. Seja a paisagem, ou seja o percurso, é a busca que permite o movimento. Por sua vez, o movimento permite a fluidez, que faz de todo aquele que escreve um viajante em seu próprio texto. Fluir é pedir ao texto respostas para o mundo, sem impor ao texto um mundo já preconcebido; é dialogar com o texto, como aquele que, na ponta do penhasco, na brisa da manhã ou à beira-mar, abraça o desconhecido, o inesperado, o imprevisível. É saudar a existência em todas as suas possibilidades e não exaurí-las. Se viajar é buscar, e buscar é fluir, eis que sou um viajante... muitos lugares irei encontrar, com muitas faces irei me apresentar, em muitas línguas e linguagens ei de me expressar, com muitas cores, perfumes, texturas, canções e sabores irei me deliciar, para que, junto àquele que me acompanha em minha jornada, eu possa alcançar e representar tantas vozes que não sabem se expressar. Deixe-me alcançar.